Chefe e líder são a mesma coisa? Quando ouvimos a pergunta, percebemos que não. Mas no dia a dia é muito comum agir como se fosse: funcionários olham para seus chefes esperando lideranças inspiradoras (e se frustram ao perceber que, como meros mortais, frustram expectativas) e empresas promovem como se o título conferisse liderança a uma pessoa.
Liderança é um desafio clássico para os profissionais de recursos humanos. Não importa o quanto a sociedade tenha mudado: as estruturas organizacionais ainda contemplam um quadradinho no topo do organograma para essa figura mítica a quem cabe a condução de equipes e processos.
Quem ocupa a caixinha da parte superior do organograma está em uma posição formal dentro de seu processo de carreira. É um chefe, ou seja, alguém que ocupa um cargo de liderança. Não precisa ser necessariamente um líder: pode ter sido alçado a essa posição por seus grandes conhecimentos técnicos, por exemplo. Mas ao chegar lá, esse profissional terá que exercitar atitudes de liderança. Para algumas pessoas, isso independe de cargo ou posição hierárquica: estamos falando daqueles que naturalmente exercem liderança entre seus amigos ou colegas de estudo, em sua comunidade religiosa ou clube esportivo.
O melhor dos mundos é quando um líder natural assume uma posição de liderança, pois aí poderá empregar melhor seus talentos. Quando isso não ocorre – e esta é a situação mais frequente – a empresa precisa dar o suporte necessário para que ele desenvolva tais habilidades. Cursos, workshops, coaching, feedback: inúmeras são as ferramentas que permitem fomentar e acompanhar o desenvolvimento de um líder. Mas nenhuma delas funciona se não houver adesão da própria pessoa.
Você certamente já ouviu a frase “ser ou não ser: eis a questão”. Extraída da peça Hamlet, do dramaturgo inglês William Shakespeare, ela é proferida quando o protagonista tem que tomar uma decisão – ser ou não ser Rei. Pode parecer absurdo, mas a análise da História mostra que mesmo sendo um cargo que passa de pai para filho, há uma enorme diferença de performance entre os que abraçaram a função e os que se resignaram ao destino.
Dessa decisão totalmente pessoal decorre o estilo da liderança, posto que não há receita de bolo para isso: há líderes agressivos e calmos, falantes e calados, extrovertidos e tímidos. Porém em alguns pontos, todos convergem: no zelo por suas equipes, que é harmonizado com o foco em resultados, na comunicação clara, na preocupação com formação de talentos, na participação e no exemplo – habilidades estas que podem, sim, ser desenvolvidas para que um chefe seja, também, um líder.
Artigo escrito por Danilo Afonso, gerente de Marketing e Projetos do IDORT – Instituto De Organização Racional do Trabalho